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A Árvore do Tap - Aula 05: Melodias Com Chapinhas


Este conjunto de atividades tem por objetivo introduzir os sapateadores/improvisadores à percepção corpórea dos desenhos rítmicos das melodias, de uma forma lúdica e orgânica. A ideia é "ancorar" a movimentação em uma melodia (o que também é dizer "em um desenho rítmico") conhecido e familiar, de forma a gerar, do ponto de vista musical, uma certa sensação de conforto e previsibilidade que dê apoio a este corpo em aprendizado da criação de passos e combinações em tempo real.


Melodias com Chapinhas nº1


Escolha uma melodia simples, de preferência bem conhecida, para que todos os participantes do jogo possam facilmente acessá-la em sua memória. Canções infantis (tais como "Atirei o Pau no Gato", "Cai Cai Balão", etc.) costumam ser boas pedidas.

  • Primeiro, cantarole (ou peça para a turma cantarolar junto) a melodia toda, para certificar-se de que todos tem em mente a mesma melodia (sem isso, a brincadeira não funciona!). Logo em seguida, peça para a turma cantar a melodia acompanhando cada nota/sílaba com uma palma. Assim, teremos treinado o desenho rítmico da melodia – que é só do que precisaremos na hora de sapateá-la, pelo menos em um primeiro momento.


  • Agora escolha um passo de tap bem simples. Veja bem: um só! Queremos simplificar ao máximo a informação motora, para podermos nos concentrar na expressão musical. Digamos: Balls. Execute a melodia com balls, da mesma maneira como o fez antes com palmas. Depois, troque o passo, mas continue utilizando apenas um. Por exemplo: heels.


Depois de algumas rodadas, é provável que estejamos com de vontade de variar, inserindo passos diferentes. Mas espere um pouco mais: antes de misturarmos heels, toes e tudo mais, experimente continuar com apenas um passo, mas "dando uma mexida" nele enquanto toca a melodia. No caso dos balls, por exemplo: pés paralelos! Pontas dos pés afastadas... ou juntas! Ball direito e esquerdo alternados, ou ao mesmo tempo! Usar apenas um dos pés, ou ambos... observe, ainda estamos fazendo apenas "singelos balls", e quantas possibilidades já se abrem!


Vale essa máxima que me é sempre útil: tirar o máximo do mínimo, de preferência se divertindo. E esse máximo pode se tornar muito, mas muito diversificado mesmo, dependendo do passo escolhido para o jogo. Se a escolha for, por exemplo, step, ou leap, ou stamp – passos com transferência de peso - abrem-se inúmeras possibilidades de uso do espaço, tais como giros, deslocamentos... aí o jogo não se esgota nunca mais!

Melodias com Chapinhas nº2 - Só Vale...

Inicie como no jogo anterior: escolha uma melodia e um passo. Toque a melodia usando o passo escolhido (particularmente agradável de se fazer cantando!).

Na segunda tentativa, use dois passos diferentes em vez de um.

- Ei, pessoal! Só vale ball e heel!

Acredite: basta. Se você (ou sua turma) for de um nível mais iniciante, dois movimentos serão um desafio e tanto. Se não for, esse acréscimo de um único passo vai possibilitar horas de exploração.

Daí pra diante é ir sentindo a turma (ou a si mesmo!) e aumentando o repertório:

- Só vale heel!

- Tá valendo heel e ball!

- Hell, ball e step!

- Hell, ball, step e toe!

Dica: em um primeiro momento, e sobretudo em turmas iniciantes (ou se você se considera um) evite sons duplos – passos como shuffles ou flaps, cuja execução de um movimento já implica em dois sons. Eles tendem a complicar um pouco as coisas, porque já vêm com um "ritmo embutido" (tadáh!) que interfere na melodia. Procure explorar primeiro sons simples – digs, toes, balls, heels, steps, leaps, jumps, scuffs, e quaisquer outros passos cuja execução só gera um som. Assim será mais fácil fazer o movimento coincidir com a melodia.

Melodias com Chapinhas nº 3 – Passando a Bola

Vamos brincar um pouco com as possibilidades coletivas desse jogo?

Como nos jogos anteriores, escolha uma melodia conhecida por todos para servir de base. O repertório de passos pode ser mais ou menos restrito. Tanto faz: exploraremos agora o arranjo. Quem toca o quê e quando. Assim, vamos migrando do "estou explorando" para o "estamos jogando".

Imagine que a melodia é uma bola, que será passada entre os jogadores (alguns músicos afirmarão que música é mais ou menos isso mesmo!). Disponha os sapateadores em círculo. Essencialmente, os participantes suceder-se-ão um ou outro, cada um tocando um trecho da melodia. Assim:

Bruna: Aaaa- tirei o pau no ga-to-to

Karen: ... mas o ga-to-to não morreu-reu-reu

Clara: ..Dona Chi-ca-ca dimirô-se-se

Paulo: ...do berrô, do berrô que o gato deu. Miau!

Você pode organizar o jogo de diversas formas, dependendo do nível de dificuldade que quiser propor aos participantes.

Por exemplo: Você pode, num primeiro momento, definir a ordem exata em que os participantes deverão tocar sua parte da música (Paulo toca primeiro, depois a pessoa à sua direita e assim por diante, por exemplo). Pode também definir previamente em que pontos da música se deve "passar a bola" – no exemplo acima, o "passe" coincidiu com a métrica da música, o que é natural, confortável, e costuma acontecer espontaneamente, para falar a verdade.

Mas, se você quiser deixar o jogo mais emocionante, insira "incertezas". Diga por exemplo que a ordem em que cada um tocará sua parte não será combinada previamente! Isso gerará dois resultados muito interessantes. O primeiro: o nível de atenção de cada um dos participantes ao conjunto será elevado consideravelmente. O segundo: surgirá a necessidade de que o momento do "passe" seja executado com um gesto corporal claro, que não deixe dúvidas sobre sua intenção, e sobre para quem se está passando a bola (e já aqui começamos a remeter à comunicação corporal existente entre bailarinos e músicos na situação de improviso!).

O mesmo acontecerá se você pedir ao grupo que procure passar a bola em momentos menos evidentes e confortáveis da melodia, de forma imprevisível:

Paulo: Aaaaatirei o pau no ga -

Karen: To-to, mas o ga-to-to -

Clarisse: Não morreu, reu, reu, Dona Chi-

Bebel: Ca-ca, dimirô-se-se, do berrô -

Paulo: Do berrô que o gato deu, Miau!

Some esses dois obstáculos e você terá... adrenalina (e algumas trapalhadas bem engraçadas também)!

Este é um jogo que, realmente, tem gosto de jogo! Trabalha, além da musicalidade, a atenção e a interação entre os sapateadores, e já encaminha para uma interação mais intensa com músicos também – afinal, não há nenhuma razão pela qual esse jogo não possa ser jogado por, por exemplo, um guitarrista, não é? Ótimo para "refinar o radar" para eventuais Jam Sessions...

Melodias com Chapinhas nº 4 – Convenção

Em vocabulário de músico, "convenção" é mais ou menos o seguinte: é quando a banda toca todo mundo exatamente junto um trecho, pontuando, cada um com seu instrumento, uma mesma frase musical, de forma ensaiada, para depois cada um voltar a ocupar seu próprio espaço dentro da música.(me perdoem os músicos pela descrição grosseira).

Vamos aplicar essa ideia às nossas melodias?


Peça para a turma formar um círculo. Escolha um único ponto da melodia para que todos toquem ao mesmo tempo. Digamos:

"Do berrô, do berrô que o gato deu. Miau!"

Então Bruna, primeira da roda, toca sozinha:

Atirei o pau no gato-to

Mas o gato-to

Não morreu-reu-reu

Dona Chica-ca

Dimirô-se-se -

E nesse momento, toda a turma:

- DO BERRÔ, DO BERRÔ QUE O GATO DEU! MIAU!

A música recomeça, agora com Clara, segunda da fila, solando. Quando chegar o momento da convenção, toda a turma, novamente:

- DO BERRÔ, DO BERRÔ QUE O GATO DEU! MIAU!

E assim por diante!

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