"Com a Palavra o Tap" foi uma brincadeira promovida pelo Ilha logo no início do isolamento social, quando ficou claro que as oportunidades de bater o pé escasseariam e as palavras passariam a ter uma nova importância. O sentido da brincadeira era convidar sapateadores que amassem também as palavras a expressar sua paixão pelo Tap Dance. Seis poemas foram enviados, um mais lindo que o outro! Confira!
“a arte vaza de meus poros
ganha vida no espaço
nos olhos de quem vê
nos ouvidos de quem ouve
no corpo de quem sente
e assim,
corpo a corpo,
ela vive”
DANÇA QUE SE DANÇA NESSE SOM QUE O NOME DIZ
BAILARINO MEXE, SE MOVE POR SUA RAIZ
TEMPOS SÃO CANTADOS, BATIDOS PRA LÁ, PRA CÁ
CORPO MOVIMENTA, SE EMENDA COM DEUS, COM JAH
GRANDE SENTIMENTO, MEU TEMPO ESTICO AQUI
TRAGO A LEVEZA, LIMPEZA DE CORAÇÃO
PENSO O COMPASSO NO TRAÇO A DESCOBRIR
FOLHAS ALEGRES E MUITAS CASCAS NO CHÃO
Sentimentos profundos tem o coração de um bailarino!!! Dançar realiza sonhos, conquista corações.
No som dos pés a energia do coração contagia de alegria os olhares discretos do público!
S a p a t e a r, arte de escrever com os pés uma canção! No gingado do corpo, os acordes de uma letra de muitas interpretações!
Sentimos por alguns minutos que tudo é possível!
Sim, o som transformando em festa o mais o ordinário.
Magia que enche os olhos de esperança e toca o coração de quem escuta.
Sentimentos profundos em cada som, em cada gesto do sapateador.
Sapatear é uma paixão!
Tap Varonil
Se ainda houvesse
alguma coisa
a batucar
eu diria sim
apesar de tudo
você continua
em mim
como um tamborim
Tap hoje
Tap ontem
Tap amanhã
Uma fascite plantar
Vale muito
Porque me faz amar
Quem um dia sapateou
Sabe seu valor
Espírito antigo
A retornar
Nas notas
Desse meu eterno
Be a ba
Reinvento-me
Nos espaços da casa...no silêncio que traduz o vazio do ninho
Pergunto ao tempo se ainda dá tempo
E me calço, me aprumo, com quatro pequenas partes que brilham sob meus pés
Dou reforço ao meu chão
No tamanho quadrado, na madeira bem clara, nova
Novo é tudo aqui
Amarro os sapatos diferentes
Apoio o corpo sobre o tablado
E me descubro capaz de ser nova
De ser novamente
de andar e bater o pé no chão
e me sentir indo de novo pra frente
As quatro partes brilham e vão comigo
ora juntas ora uma a uma
Onde havia o silêncio, me fazem ser som
me fazem ser música
Me fazem ser dança
O som que ouço, o som que faço
me fazem ser viva
ser nova
novamente...
Penso na história do tap
em seus grandes personagens
em suas músicas
em seus ritmos
em seus sons... E não me ocorrem rimas,
senão que ritmos com seus vários sons,
apresentados por grandes personagens
em músicas inerentes aos períodos da história,
convidando cada espectador a revelar seu ritmo,
a produzir seu som
e exteriorizar, assim, o personagem central da música de sua própria história de vida.
Que delícia conviver com essa galera que fala do tap de forma tão visceral! Bora fazer uma segunda edição?
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